Uma Nota Sobre Sigilos

Da Psychick Bible de Genesis P-Orridge:

Para a mágicka operar de forma mais eficaz, as mais poderosas ferramentas disponíveis devem ser postas em ação. Nesta região de tempo e espaço em que atualmente habitamos, as ferramentas mais adequadas são as da tecnologia moderna. Os sigilos mais úteis agora possíveis são construções de mídias mistas criadas por uma combinação de computadores, câmeras de vídeo e gravadores, e fontes e processadores de som eletrônico.

Em minha experiência, o melhor meio para a produção e utilização de sigilos envolve antes de tudo criar uma simples declaração ou imagem definindo o resultado pretendido. Isso deve ser feito de uma maneira que sugira que a operação já obteve sucesso. Por exemplo, “eu tenho…” ou “eu sou…” são aberturas mais efetivas que “eu quero…”, que sugere e, portanto, reforça um estado de privação.

Em seguida, as imagens e/ou declarações devem ser modificadas até que fiquem irreconhecíveis, sem que seus significados sejam destruídos. Os métodos utilizados podem incluir sua incorporação subliminar em outras mensagens, ou a distorção das imagens por alteração de cor ou irregularidades espaciais, ou o tratamento dos sons com filtros ou modulação em anel, etc. Outros dispositivos úteis podem incluir o uso de cut-ups ou sobreposição de símbolos.

O produto final pode então ser utilizado de diversas maneiras diferentes. Como um objeto no qual se concentrar, uma imagem postada em um lugar de destaque onde será vista com frequência, uma peça musical a ser ouvida, um filme a ser visto em intervalos frequentes, etc. O significado do sigilo deve ser ignorado e até mesmo esquecido, durante esta fase da operação. A imagem resultante deve ser incorporada no inconsciente, e o pensamento consciente não deve ser autorizado a interferir.

Tudo o que resta então a ser feito é aguardar o resultado sem tentar forçá-lo ou tomar medidas que possam impedi-lo. Não faça esforço algum, e você estará agindo corretamente.

R. P. Stoval

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A Teoria da Mulher Doente

Na tarde do domingo passado, o staff do hotel subia a Rua Augusta na manifestação contra o golpe convocada pelas mulheres. Observando as pessoas que das janelas dos prédios acenavam para nós com bandeiras e panos vermelhos, ChaosTotal comentou: “moram aqui do lado, por que não vêm pra rua também?”. Respondemos que muita gente, por mais vontade que tivesse, não podia estar ali caminhando conosco, por vários motivos. Johanna Hedva nos explica melhor isso e muitas outras coisas importantes.

[como de costume, a tradução foi feita pelas macacas idosas durante as atividades antidemência no asilo do Puerco Suíno. Está imperfeita, cheia de erros, por isso pode e deve ser melhorada por quem se dispuser].

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A TEORIA DA MULHER DOENTE

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Johanna Hedva vive com uma doença crônica e sua Teoria da Mulher Doente é para todas aquelas que nunca imaginaram sobreviver, mas sobreviveram.

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No final de 2014 eu estava num surto de uma patologia crônica que, entre cada 12 ou 18 meses, torna-se tão forte que me deixa sem poder caminhar, dirigir, fazer meu trabalho, às vezes falar ou entender o que falam, tomar banho sem ajuda e sair da cama, por cinco meses a cada episódio. Naquela vez, coincidiu com os protestos de Black Lives Matter, aos quais eu teria ido sem pensar, se pudesse. Vivo a uma quadra do parque MacArthur em Los Angeles, um bairro predominantemente latino e popularmente conhecido como um lugar onde muitos imigrantes começam sua vida nos Estados Unidos. Portanto, não surpreende que o parque seja um dos mais ativos locais de protesto na cidade.

Ouvi os sons da manifestação se aproximando de minha janela. Grudada a minha cama, ergui meu punho de mulher doente em solidariedade.

Comecei a pensar sobre as formas de protesto permitidas às pessoas doentes – me pareceu que muitas das pessoas às quais Black Lives Matter se destina não podem, talvez, estar presentes nas manifestações porque estão presas a um trabalho, pelo risco de demissão se forem às manifestações, por estarem literalmente presas, e, claro, pela ameaça da violência e brutalidade policial… mas também por doença ou deficiência, ou por cuidarem de alguém com uma doença ou deficiência. Continue reading